A origem do Karatê (kara = vazia tê = mão) esconde-se nos segredos do passado. Embora exista uma grande quantidade de estilos, ou escolas (“Ryu”) do Karatê, a sua história é única, pois parte de um ponto comum, divergindo muito pouco de estilo para estilo, tendo sido transmitida de Mestre para aluno, ao longo dos séculos. Segundo registros históricos, o Karatê começou a ser desenvolvido pelos habitantes da ilha de Okinawa por volta de 1609. O corpo utilizado como arma passou a ter maior atenção por volta de 1634, quando no Japão, recém unificado após uma guerra entre os senhores feudais, foi decretada oficialmente a proibição o uso de armas, exceção feita aos samurais, únicos autorizados a portar as temíveis espadas chamadas de kataná, segundo ordens do Shogun Tokugawa. Desde aquele momento os Camponeses encontrando-se em desvantagem e sem opções de defesa, passaram a desenvolver, de modo secreto, o uso do corpo num sistema complexo de defesas e ataques visando defesa pessoal e integridade física, transmitindo tais técnicas de geração em geração .
Okinawa berço do Karatê
Ao longo do tempo, a arte das mãos vazias desenvolveu-se com maior intensidade em três localidades distintas: na capital, Shuri, aí denominando-se “Shuri-Tê” (mãos de Shuri); na cidade portuária de Tomari, cujo nome era “Tomari-Tê” (mãos de Tomari); e na cidade comercial de Naha, onde passou a ser conhecida com o nome de “Naha-Tê” (mãos de Naha). Nas regiões onde o Shuri-Tê e Tomari-Tê foram desenvolvidos, deram origem aos hoje conhecidos estilos de Karatê: Shorin-Ryu, Shoto-Kan e Wado-Ryu. Já em Naha, berço do Naha-tê, o estilo que aí fora forjado hoje é conhecido como Goju-Ryu. Essa foi uma época de ouro, na qual surgiram nomes como: Sokon Matsumura, Anko Itossu, Ioshimine, Tawata, Kiyuna, Kawas; mais tarde apareceram ainda: Gichin Funakoshi, Chibana, Yabu, Hanashiro, Tokuda, Mabuni, Gussukuma, Yamakawa, Chojun Miyagi, Otsuka, Kenywa, Siwa, entre outros.
Alguns destes nomes, entre os quais destacamos Gichin Funakoshi, Chojun Miyagi e Chosin Chibana passaram a transmitir o Karatê-dô, em meados do segundo quarto do século XX, aos japoneses. A introdução do Karatê no Japão foi um sucesso, e aí estabeleceu-se definitivamente, passando a ser considerado como patrimonio cultural do povo nipônico. Em 1935 com uma reunião dos grandes mestres na época nomearam oficialmente KARATÊ como nome desta arte marcial. O Karatê passou a ser conhecido no Ocidente após a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial. A arte das mãos vazias passou a ser transmitida aos militares estadunidences que ocuparam o país derrotado. Atualmente, o Karatê é a 2ª arte marcial mais popular e difundida no mundo, seja em número de praticantes, ou de esportistas, ficando somente atrás do Judô.
Alguns dos Mestres que mencionamos tiveram a oportunidade de apresentar a arte marcial, expandí-la, e, assim nos legar o Karatê-Dô, que hoje praticamos. Com a difusão e assimilação da arte das mãos vazias em nível global, aliado aos novos conhecimentos frutos de estudos e descobertas científicas e tecnológicas, o Karatê-Dô passou por algumas transformações, o que teve como consequência a adequação algumas de suas especificidades ao desporto competitivo. Assim, alguns praticantes passaram a disputar campeonatos com técnicas extraídas da arte-marcial. Os “katas” (formas) seriam executados sem armas e instituir-se-iam regulamentos para o “kumité” (luta), que, em termos esportivos passou a denominar-se Shiay-Kumitê (luta de competição). O primeiro campeonato realizado pela All Japan Karatê-Dô, foi em 1957, aproximadamente dois meses depois da morte de Gichin Funakoshi. No Brasil, o Karatê chegou com os imigrantes japoneses após a Segunda Guerra Mundial, principalmente nas décadas de 50 e 60. O primeiro Campeonato Brasileiro de Karatê foi realizado na cidade do Rio de Janeiro, no Ginásio de Esportes do Botafogo Futebol e Regatas. Esta foi a primeira competição oficial de Karatê no Brasil, realizada nos dias 2 e 3 de dezembro de 1969, e teve a participação dos seguintes estados: São Paulo, Distrito Federal, Bahia e Rio de Janeiro.
Curiosidades
1. A palavra japonesa escrita em Kanji o termo “KARATE-DÔ” significa “O caminho das mãos vazias”.
2. Devido as produções cinematográficas no final dos anos 70 e 80 o “Karatê” passou, de modo pejorativo, a imagem de algo violento e grosseiro de humanismo.
3. Na verdade o Karatê é totalmente filosófico, cordial. Apesar de ser utilizado nas guerras entre Japão e os Estados Unidos, o Karatê sofreu mudanças estruturais devido a evolução da humanidade e os fatores ao seu redor, porém sua essência continua inabalável até os dias de hoje.
4. O Karatê é enraizado profundamente na cultura japonesa, legada da época feudal, e influênciado diretamente pelo código de honra dos samurais o “Budô”.
5. A arte das mãos vazias possui diversos estilos por ter sido desenvolvido quase que secretamente em Okinawa, em locais distintos. Por isso denomina-se “RYUS” que significa “Escolas”.
Você sabia…
…que apesar de existir muitos estilos de Karatê, o Ministério da cultura Japonês reconhece apenas 04 deles? A Botukukay tem como patrimônio cultural o Karatê e seus estilos: Shotokan, Goju-Ryu, Wado-Ryu, e Shito-Ryu.